À Maturidade
Uma reflexão sobre a relação entre amor e maturidade, escrita como homenagem do autor para seu irmão caçula, em seu aniversário de dezoito anos. Julho de 2021.
S. M. Ocriciano
11/4/2025


É Brasil, atingimos a maioridade aos dezoito. Entretanto, o décimo oitavo aniversário, em linhas gerais, tem o mesmo significado que os demais. Não é muita coisa que de fato muda com a maioridade, principalmente na cultura em que vivemos hoje, mas eu sei que essa data é importante para o meu irmão.
Se é importante, então, o que significa?
Para responder a essa pergunta eu tive de me direcionar à representatividade dessa tal maioridade e entendi que o significado é a maturidade. Essa maturidade não chega magicamente ao atingirmos determinada idade, mas presume-se que o indivíduo é capaz de balizar a si próprio ao atingir os dezoito anos.
Certo, certo… e qual a vantagem da maturidade?
Falando sobre a minha experiência: eu costumava ser muito desleixado e negligente quanto aos meus amores, sejam eles românticos, familiares, de companheirismo e amizade ou de autocompaixão.
Cometi muitos erros, equívocos e deslizes relacionados ao amor e, alguns desses erros, custaram-me muito caro, algumas feridas doem ainda hoje. Foram tantos os erros nesse sentido, que considero o meu irmão o único ponto constante e sólido onde nunca menosprezei o amor que eu sentia.
Contudo, à medida que amadureci, tornei-me mais capaz de enxergar a importância desse sentimento na minha vida e pude entender o valor que as pessoas ao meu redor possuem.
Acredito que seja exatamente este o grande diferencial da maturidade: a capacidade de atribuir valores concretos de importância às nuances da vida. Com essa capacidade vem a clareza de sentimentos e o entendimento do que de fato é o amor.
É, eu sei... É muita presunção assumir que sei definir o que é o amor através de uma apresentação tão superficial, mas, como todo mundo tem suas falhas, vou invocar essa para ser minha.
Sabendo que o objeto de amor mais irrefutável da minha história estaria completando sua maioridade hoje, vi-me na obrigação de homenageá-lo de alguma forma.
Eu não sou um ser de habilidades muito profundas, confesso, o que deixou razoavelmente fácil a escolha da forma de homenagem: eu escreveria para ele. É aqui que minha homenagem começa.
Maninho,
Dizer que te amo é fácil e talvez um pouco vago. Acredito que você entenda o que de fato significam essas palavras, mas permita-me filosofar um pouco sobre os motivos para tal.
Por ser apenas cinco anos mais novo do que eu, você esteve presente em praticamente toda a minha vida, pelo que consigo me recordar. Isso, por si só, já é motivo suficiente, mas há muito mais.
Todas as vezes em que pensei em desistir de algo, você foi a minha maior fonte de forças para prosseguir. Sempre que pensava em me comportar como uma criança mimada e indefesa, eu olhava para o lado e lá estava você, de olhos brilhantes e postura sincera, esperando grandeza de minhas atitudes.
Tenho muitos privilégios no papel de irmão mais velho, mas também muitas responsabilidades. Estas, talvez, atribuídas a mim por mim mesmo, mas ainda assim, responsabilidades. Entendo que “responsabilidade” geralmente carrega uma conotação penosa, porém, penso em um significado mais altruísta e bondoso para isso, que, ao longo desses dezoito anos, me fez buscar mais sabedoria e instrução.
Sempre busquei desenvolver a mim mesmo com inteligência e assertividade para que pudesse transmitir a você o melhor das minhas experiências.
Busco entender a vida para que possa repassar esse entendimento a você. Procuro enriquecer para que você também tenha prosperidade em abundância. Tento ser esperançoso e bondoso para que você também encare a vida com bondade e esperança.
É claro que você não é a minha única motivação, mas com certeza é a maior delas.
Quando digo que te amo incondicionalmente significa que não existem condições para esse amor (meio óbvio, né?!). Não preciso ser amado de volta, não preciso ser reconhecido por isso, não preciso ouvir que você também me ama (apesar de saber que ama sim…). É claro que eu fico muito mais feliz quando você diz essas palavras também, mas nunca serão necessárias.
Amo-te desde o dia em que você chegou a este mundo e amarei até que eu parta dele, incondicionalmente.
Com carinho,
S. M. Ocriciano.


